“Não adianta botar a culpa exclusivamente em São Pedro”, diz especialista sobre o manejo de águas pluviais.

O Diretor Pedagógico da Allevant Educação, Prof. Dr. João Sergio Cordeiro, analisou o tema do manejo das águas pluviais em entrevista realizada em janeiro de 2020. E hoje, quase um ano depois, constata-se que nada foi feito.

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Mais um desastre previsível

A cidade de São Carlos, interior de São Paulo, sentiu mais uma vez os efeitos destruidores das águas pluviais. Entre 16h35 e 17h40 do dia 26 de novembro de 2020, choveu 138 milímetros e as enxurradas ilharam pessoas, arrastaram veículos, invadiram lojas, derrubaram muros, reviraram o asfalto de ruas.

As autoridades dizem que 95 ocorrências foram atendidas. Cerca de 150 pessoas tiveram que ser resgatadas. Pelo menos 100 lojas foram destruídas. Um homem e seu filho foram levados pelas águas, mas felizmente não sofreram ferimentos graves.

É necessário mais ênfase e seriedade para tratar o tema

Em janeiro, a Allevant Educação entrevistou o seu Diretor Pedagógico, Prof. Dr. João Sergio Cordeiro. Engenheiro Civil e especialista em Saneamento, falou sobre manejo das águas pluviais que, junto ao abastecimento de água, ao esgotamento sanitário e destinação de resíduos sólidos, integra o chamado “saneamento básico”.

À época, o Diretor Pedagógico da Allevant Educação afirmou: “Não adianta botar a culpa única e exclusivamente em São Pedro”. Essa colocação se integra na análise que o professor faz do manejo das águas pluviais, tema que, segundo ele, não tem recebido a devida atenção nem da classe política, nem dos responsáveis em educação em engenharia.

Segundo ele, falta ênfase e seriedade para lidar com esse problema, que não é novo, é previsível, mas que vem se agravando devido ao crescimento desordenado das cidades.

Em 2018, cerca de 140 mil pessoas foram desalojadas pelas chuvas

Segundo o “Diagnóstico do manejo das águas pluviais” (estudo do Governo Federal publicado em 2019), em 2018 cerca de 140 mil pessoas foram desalojadas no Brasil em decorrência das chuvas.

Para o professor Cordeiro, a busca por soluções deve levar em conta, dentre outros fatores, as características dos Ciclos Hidrológicos e das Bacias Hidrográficas.

O problema é que muitas vezes essas realidades naturais são negligenciadas. “Deixamos de olhar a natureza”, afirma o engenheiro, que ainda afirma:

“Ao longo do tempo, a engenharia civil tem trabalhado com uma visão distorcida de saneamento; temos lacunas na formação dos engenheiros. Não se trabalha com profundidade adequada à questão do manejo das águas pluviais na grande maioria dos cursos, não apenas de civil, mas ambiental. Existe uma grande ênfase no sistema de abastecimento de água, no sistema de esgotamento sanitário, ambos muito importantes, é claro”.

Marco Legal para o Manejo de Águas Pluviais

Ele salienta ainda que, ao contrário do que acontece com os resíduos sólidos, que já possui um marco legal (a lei 12305/2010), ainda não existe um marco legal definido para o manejo das águas pluviais.

“Não temos hoje uma quantidade de engenheiros com uma capacidade técnica e tecnológica para resolver essas questões. Na minha visão, não estamos trabalhando adequadamente com nossos alunos essa questão, que traz consequências muito negativas”, disse o Diretor Pedagógico da Allevant Educação na entrevista de janeiro.

E o que aconteceu na última quinta-feira (26/11/20) em São Carlos, ilustra dramaticamente essa realidade.

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