Com seu impacto no desenvolvimento social, na saúde e na economia, a hidráulica aplicada vai muito além de uma simples área de estudo.
Assim como tratamos no artigo Hidráulica: herança cultural milenar presente nos dias de hoje, neste artigo aprofundaremos mais sobre as funções e impactos sociais da ciência intitulada como “hidráulica aplicada”.
Toda cidade tem seu rio e, não raro, cidades e civilizações importantes devem parte de sua fama aos rios que as cruzam. O que seria de Paris sem o Sena, de Londres sem o Tâmisa, de Nova Iorque sem o Hudson, de Roma sem o Tigre, de São Paulo sem o Tietê, de todo o Egito sem o Nilo? Sem falar da Mesopotâmia, atual região do Iraque, apontada como o berço da civilização e cujo nome significa “terra entre rios”. No caso, os rios Tigre e Eufrates.
Há milênios, portanto, os seres humanos entram em um embate intelectual e técnico com as águas. E foram os resultados positivos dessa luta que nos permitiram criar e manter povoados que se transformaram em cidades, que se uniram em províncias, Estados, nações e impérios.
Em nosso embate intelectual, buscamos compreender diversos aspectos da água. Dentre eles, seu movimento. Desse esforço surge e se desenvolve a hidráulica. Em nosso embate técnico, buscamos usar e controlar a água o máximo possível. Daí surge a hidráulica aplicada.
“A tentativa de compreender e usar o movimento e a força da água em proveito do ser humano, portanto, é um desafio milenar”, explica João Sérgio Cordeiro, diretor da Allevant Educação, que ainda explica: “Hoje, todo sistema de saneamento – entendido como abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem de águas pluviais – se utiliza de conceitos da hidráulica. A existência das cidades modernas, que reúnem milhões de pessoas, só é possível graças a redes hidráulicas”.
A hidráulica aplicada
Cordeiro explica que, na hidráulica aplicada, existem os conceitos de condutores livres e condutores forçados: “Redes de distribuição de águas e adutoras que movimentam a água por pressões diferentes da pressão atmosférica tornam possíveis os condutores forçados. E, de forma geral, os coletores, os interceptores, os emissários que integram os sistemas de esgotamento sanitário, funcionam em pressões iguais à da atmosfera – por isso são denominados como ‘livres’. E isso também ocorre nos sistemas de drenagem urbana”.
O abastecimento de água, a drenagem das águas pluviais, o esgotamento sanitário, portanto, são consequências do bom uso do conhecimento hidráulico e da sua aplicação na estruturação das edificações de toda uma cidade, de todo um país. E foram os benefícios advindos do uso extensivo dessas técnicas que permitiu o controle e o quase desaparecimento de diversas doenças, melhorando assim a qualidade de vida das populações em geral, e a expectativa de vidas dos indivíduos. Tudo isso graças aos conhecimentos e às técnicas dessa ciência milenar que é a hidráulica.