É impossível uma empresa que atue com altos índices de perdas de água ser vista como uma empresa eficiente em sua prestação de serviços.
No último dia 25 de maio, o Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados, divulgou a nova edição do estudo “PERDAS DE ÁGUA 2023 (SNIS 2021): DESAFIOS PARA DISPONIBILIDADE HÍDRICA E AVANÇO DA EFICIÊNCIA DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL”.
O tema não é novo – como não são novos muitos dos problemas e desafios enfrentados por quem trabalha e por quem depende dos serviços do saneamento para uma vida minimamente digna: literalmente todos nós – mas, apesar de velho tema, nem por isso deixa de ser importante. Nessa área, aliás, como tantas outras no Brasil, parece valer aquela máxima do escritor Andre Gide: “Tudo já foi dito, mas como parece que ninguém ouviu, é preciso dizer de novo”. Portanto, vamos (de novo) falar sobre o assunto.
O Brasil e suas perdas de água
Este não é um tema que a Allevant Educação aborda apenas em textos de blog. “Perdas” é o assunto de um dos nossos mais procurados cursos: “Gestão e Controle de Perdas Operacionais em Sistemas de Abastecimento de Água”.
Ministrado pelo nosso diretor pedagógico, Prof. Dr. João Sergio Cordeiro, o curso aborda, claro, tópicos relacionados às perdas físicas e econômicas, relacionadas aos problemas de distribuição da água já tratada, mas a perspectiva do curso vai além desses aspectos mais imediatos. Para além da mera perda de água, o professor leva os alunos a refletirem sobre outros tipos de perdas, intimamente relacionados (embora nem sempre ressaltados) ao tratamento e distribuição desse imprescindível recurso.
Os tipos de perdas de água
Dentre esses tipos de perda, ele elenca a perda de produtos químicos, a perda de energia elétrica, ambas incluídas, de uma forma ou de outra, no balanço de perdas econômicas, mas raramente encaradas como perdas ambientais; perdas estas as quais acrescenta a perda de mananciais, por exemplo.
Além disso, afirma o prof. Cordeiro, é impossível uma empresa que atue com altos índices de perda de água – que significam perdas econômicas, ambientais e de qualidade de vida da população que deveria ser atendida, como já vimos – ser vista como uma empresa eficiente em sua prestação de serviços. Eis, portanto, outro tipo de perda nem sempre levado em conta nessa lista de danos relacionados à tão conhecida e debatida perda de água: a perda da imagem e da credibilidade das empresas prestadoras do serviço.
O números aceitos e praticados no Brasil
Imagine o seguinte: você pede uma pizza de tamanho normal (08 pedaços); ela chega, você paga, e quando você abre a caixa, nela encontra apenas dois pedaços (75% da pizza perdida) ou cerca de cinco pedaços e meio (41% da pizza perdida). O que você acharia da pizzaria?
Ou então se o seu motorista de Uber te levasse apenas 25% ou, vá lá, 59% do caminho? Você daria 5 estrelas para ele?
Pois bem: 75% é o índice médio de perdas de água tratada no Acre; e 41% é o índice médio do Brasil, segundo os dados do estudo citado no início deste texto. E, embora sejam números elevados (elevadíssimos até); números que não seriam aceitos de forma alguma sem intensas e graves reclamações dos consumidores de outros produtos e serviços, são esses os números “praticados no país”.
Será que encontramos outro tipo de perda? A perda da sensibilidade com relação às perdas de água?